
A Polícia Civil desmantelou um esquema para viabilizar estupros cometidos por um homem de 45 anos contra crianças e adolescentes em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. O caso veio à tona após uma menina de 13 anos desaparecer na última quarta-feira (10) – ela foi encontrada dois dias depois na casa da mãe do homem, suspeito de cometer o crime há, pelo menos, dois anos e contra outras duas garotas.
O desaparecimento da vítima – e, consequentemente, o sequestro da mesma – foi solucionado por uma amiga dela. “A coleguinha [da minha filha] disse que tinha um “tio” que sempre dava presentes e dinheiro para a minha filha. Aí mostramos umas fotos e ela reconheceu o homem”, relembra a mãe da vítima, cuja identidade será preservada para a sua segurança.
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O tal “tio” não só era o autor do sequestro e dos estupros contra a adolescente, como também era próxima da família da vítima e estava “ajudando” nas buscas. “Entrei em choque. Ele era uma pessoa que tínhamos total confiança. Para ser ter ideia, de vez em quando, ele fazia depósitos de dinheiro do meu serviço. Era uma pessoa calma, tranquila, nunca suspeitei dele”, espanta-se a mãe da adolescente.
Logo após a informação da colega da menina, os policiais civis encontraram o suspeito na casa dele e o interrogaram na delegacia. “Ao ser abordado, ele ficou muito nervoso e, na delegacia, caiu em contradição por várias vezes. Chegou a dizer que não conversava com ela, mas acabou confessando os estupros e disse que ela consentia”, conta a delegada Ariadne Coelho, da Delegacia de Mulheres de Betim.
Detalhes da prisão do homem foram passadas pela delegada Ariadne Coelho (Vitor Fórneas/BHAZ)
O suspeito ainda indicou onde era o cativeiro: a casa da sua mãe, localizada em uma região de sítios.
Comparsas
O suspeito foi o responsável por levar a vítima ao cativeiro, sempre fazendo ameaças contra ela e sua família. Ele contava, ainda, com a ajuda da mãe, irmã. “A vítima disse que, ao chegar na residência, a mãe dele falou: ‘Mais uma? Isso vai dar problema’”, afirma a delegada, indicando que a prática era comum.
Durante o sequestro, entre quarta e sexta passadas, a irmã do autor ameaçou a menina para acobertar o familiar. “Em determinado momento o celular da irmã dele tocou e para que a menina não pedisse ajuda, teve a boca tampada pela mulher”, conta Ariadne Coelho.
Outros estupros
Os ataques sexuais contra a menina de 13 anos ocorriam há dois anos, segundo a própria. O autor tinha um terceiro comparsa nesses crimes, um motorista de aplicativo de 55 anos – que, segundo a polícia, não participou do sequestro da última semana.
Ele era responsável por pegar a menina na saída da escola e, dizendo que estava armado, intimidava a vítima até levá-la à casa da mãe do autor. Ele disse aos policias que não sabia dos estupros, apesar de suspeitar que “algo estranho acontecia”. Um facão foi encontrado no carro dele.
Já o suspeito de estuprar a adolescente ameaçar matar os pais e irmãos dela caso ela denunciasse os crimes. Ele ainda dava presentes para a menina, como roupa, maquiagem e até aparelho celular.
